Ainda sobre as oitivas da CPI do Pronto Socorro

Nas primeiras oitivas realizadas pela CPI do Pronto Atendimento Tito Bianchini realizadas na quinta-feira, já deu para ver onde estaria um dos gargalos na questão do Sistema de Regulação dos leitos. Toda e qualquer internação pelo SUS passa pelo crivo do médico especialista da unidade que receberá o paciente. Muito deles contratados no sistema de sobreaviso.

Pode haver um leito disponível e um paciente no Pronto Atendimento Tito Bianchini a espera, mas se não tiver um médico da especialidade conforme a necessidade do paciente, ele continuará lá no pronto socorro e o leito fica vazio ou disponível para outro paciente. Claro que, como explicou o médico Jonas Lehmkuhl, existem muitas razões para que assim se proceda, uma vez que não adiantaria transferir o paciente se na unidade não tem profissional capacitado para tratar sua doença. Para o administrador do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, Fábio de Oliveira, a questão das internações é um problema estrutural, porque dos 166 leitos da unidade, 110 estão destinados ao SUS, mas 35% da ocupação é de pacientes dos outros municípios e que poderiam ser tratados pelos hospitais locais se tivessem uma estrutura mínima.

Para cá viriam só os casos mais graves. Quando aos pacientes que estão no Pronto Atendimento esperando internação ele observa que, na maioria destes casos não são críticos, “porque o crítico o Samu já conduziu ao hospital,” embora eu entenda que está afirmação não seja 100% verdadeira. A ex-diretora do Tereza Ramos, Beatriz Montemezzo, disse que o sistema poderia ser muito melhor se “tivéssemos pessoas comprometidas”.  Cita que a ocupação dos leitos do Tereza Ramos é de 70 a 76%, em virtude do longo tempo em que o leito fica em aberto. Isso porque depende dos funcionários que, muitas vezes, demoram a lançar no sistema e até a falta de ambulância para transportar o paciente do pronto socorro ao hospital. Diz ela que muitos profissionais estão descontes e isso acaba refletindo lá no final.

Há casos de levar 12 horas entre a desocupação do leito e sua ocupação, diz ela. Há aí uma esperança, já que Beatriz deverá assumir a coordenação do Tito Bianchini. Ela poderá resolver parte destes gargalos. Acho que só ao levantar todo o funcionamento do sistema e apontar os entraves ao longo do processo, a CPI já cumpriu sua finalidade. Agora só falta apontar as soluções.

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