Será que os jovens precisam apenas de motivação para permanecerem no campo?

 

A participação dos jovens rurais que atenderam ao chamamento para o encontro de quarta-feira passada em Lages, mostra que são estão receptivos a ideia e também eles querem ficar no campo. Aqui estiveram mais de 800 jovens.

 

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O governador foi o principal palestrante e sua fala teve o objetivo de motivar os jovens em prol das atividades do campo e, como de praxe, teceu críticas ao sistema falido, a  burocracia e a necessidade de mudanças. Discurso emocionante e cheio de apelos.

Mas, sinceramente, será que é isso que falta para convencer o jovem a investir nas atividades do campo?

 

Acho que é preciso muito mais do que oferecer curso de capacitação e financiamento de computadores. O governo precisa primeiro cumprir sua parte no processo, que é oferecer as condições mínimas para que o jovem permaneça na zona rural.

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É constatado – e basta percorrer o interior para ver – que a maioria das propriedades estão sendo tocadas por casais de idade, visto que os filhos já foram para os centros urbanos em busca de oportunidades. Antes de tudo o governo tem de dar condições de acesso às propriedades, garantir a possibilidade de ir e vir das moradias rurais.

Hoje, mesmo com tempo bom temos grande dificuldade em transitar pelas estradas do nosso interior.

Quando chove, então, é impossível. Como alguém pode investir e pensar em residir no interior, torcendo todos os dias para que amanhã faça sol para poder levar seus produtos para a feira, ou ir ao médico se preciso for? Pior ainda se depender do deslocamento quase que diário.

 

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Acredita que o jovem vai permanecer no campo se não tem sequer sinal de celular?

 

Agora some a isso a dificuldade de comunicação. Há regiões do interior de Lages, onde as pessoas têm de andar até oito ou dez quilômetros para alcançar o sinal das operadoras de telefonia.

O único meio para se comunicar com aqueles que lá estão ainda é através dos avisos da Rádio Clube. Isso em pleno século 21.

Se chove, ficam literalmente isolados do mundo e, se depender de atendimento imediato, morrem sem assistência. Portanto, acho que de nada adianta discurso bonito e mesmo o esforço da Epagri em capacitar os jovens, se o governo não cumpre sua parte: oferecer condições mínimas para habitar no campo

. E hoje é preciso dispor muito mais do que energia elétrica, precisa boas estradas, sinal de telefonia, internet e acesso a toda a tecnologia disponível. Sem isso, falar em manter o homem no campo é apenas uma balela. 

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