Moradores reclamam da reabertura de casa noturna no São Cristóvão

Boa tarde.

Venho respeitosamente, em nome dos moradores do bairro São Cristóvão e adjacências, em Lages/SC, solicitar a atenção de Vossas Excelências para um assunto que vem gerando grande apreensão na comunidade local: a iminente reabertura da boate After Club, localizada na Avenida Belizário Ramos, nº 4953.

A referida casa noturna, que operou de forma controversa em 2024, é alvo de diversas reclamações formais, abaixo-assinados com centenas de assinaturas, e inclusive de uma Notícia de Fato registrada no Ministério Público sob o nº 01.2024.00041926-7, que apura poluição sonora, perturbação do sossego e problemas no Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

Pontos que nos preocupam:

  • As anuências do EIV foram formalmente revogadas pelos vizinhos, que alegam terem sido levados ao erro quanto à natureza do empreendimento (informados de que seria apenas um bar ou espaço para festas sociais e que fecharia cedo);
  • Mesmo assim, a SEPLAN autorizou a reabertura com base em “estudos complementares”, sem novo EIV e sem nova consulta pública, contrariando decisão anterior da própria Secretaria, datada de 05/11/2024;
  • A atividade registrada no alvará não condiz com a realidade operacional do local, que funciona efetivamente como boate e danceteria, o que exige outra categoria de licenciamento e avaliação de impacto;
  • Há moradores com crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e idosos nas proximidades, para os quais o ruído e o fluxo noturno trazem prejuízos diretos à saúde e bem-estar;
  • Até hoje, nenhuma reunião pública foi realizada para debater a reabertura do local, ferindo os princípios de transparência e participação popular previstos no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), houve sim um encontro entre alguns moradores com o novo secretário do Seplan o qual após leitura dos documentos que estão sendo encaminhados em anexo ficou de nos dar um posicionamento, porém a reunião foi em fevereiro e não nos foi dado até o momento nenhuma informação.

Em anexo, envio três documentos que comprovam a gravidade e complexidade da situação:

  • Cópia da reclamação formal enviada à SEPLAN;
  • O laudo técnico acústico apresentado pela boate;
  • A autorização emitida pela SEPLAN em fevereiro de 2025, liberando o funcionamento.

Excelências, a comunidade não é contra o progresso ou o empreendedorismo — mas exige respeito ao sossego público, ao processo legal e à verdade nos procedimentos administrativos. A reabertura da After Club nessas condições representa um retrocesso e uma injustiça para todos que vivem na região.

Diante disso, solicitamos:

  1. À Prefeitura de Lages, que promova imediatamente a suspensão da autorização de funcionamento da boate After Club, uma vez que o processo de reabertura foi realizado com base em um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) revogado, sem nova coleta de anuência dos moradores, contrariando o Decreto Municipal nº 17.760/2019;
  2. Que seja convocada audiência pública transparente, aberta à comunidade, antes de qualquer nova autorização definitiva, garantindo a participação da população afetada, conforme estabelece o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001);
  3. Aos Deputados Estaduais, que utilizem seus canais institucionais para:
    • Oficiar a Prefeitura e a SEPLAN, requisitando esclarecimentos sobre os atos administrativos recentes;
    • Articular com o Ministério Público o acompanhamento da Notícia de Fato nº 01.2024.00041926-7 e reforçar a necessidade de averiguação da legalidade da reabertura;
    • Dar visibilidade pública ao caso, seja por pronunciamento em plenário ou pelas redes sociais, em defesa do direito ao sossego e à legalidade urbanística;
  4. Que todos os agentes públicos envolvidos contribuam para garantir que qualquer atividade com potencial impacto à vizinhança seja conduzida com transparência, responsabilidade e respeito à população, especialmente às famílias que vivem no entorno e que têm sido diretamente prejudicadas.

Agradecemos pela atenção e contamos com sua sensibilidade diante dessa situação que fere frontalmente o direito ao sossego e à participação popular.

Moradores do bairro São Cristóvão – Lages/SC.

Laudo tratamento acústico AFTER
SEPLAN - Autoriza After - março 2025

7 comentários em “Moradores reclamam da reabertura de casa noturna no São Cristóvão”

  1. Boate por perto é sempre sinônimo de barulho, agora a pergunta que fica é, se as assinaturas foram revogadas por que não foi realizado nenhum novo estudo e a mesma já foi reaberta? Por que não houve conversas com os moradores? Lages as vezes parece uma terra de ninguém

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  2. Interessante é que no centro a festa do pinhão acaba as 22, já a boate em questão começa a trabalhar as 23 horas, é um total desrespeito com o pagador de impostos…

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  3. Se foi uma revogação total, no documento indica mais de 100 assinaturas de vizinhos incomodados com o barulho, pergunto sinceramente, por que não houve novo EIV? Lembro ainda que teve um restaurante que por muito menos foi fechado e obrigado a se ajustar ficando aberto somente até as 22, agora ai fica o por que dessa diferenciação, inclusive pois são estabelecimentos quase vizinhos e um é restaurante, logo a bagunça é muito menor que boate.

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  4. Pessoal, aqui na capital moro ao lado de uma igreja e se você é amigo do padre, não precisa ter inimigos, sempre tem bingos dançantes, churrascos, Festa do Divino, strip-tease, procissão, desfiles, aniversarios das velhas carolas, enfim gostaria de morar neste bairro de vocês, que ao meu ver é mais tranquilo. Florianópolis, tem bares e boites em todos os lugares e ainda com um monte de gauchos e paulistas e ninguém reclama.

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  5. Passado o tempo, o inferno noturno nos finais de semana dos moradores das proximidades continua.
    Como cidadão, contribuinte e eleitor, me sinto ultrajado em meus mais básicos direitos, especialmente meu direito ao descanso e ao sossego após uma semana de trabalho.
    É inadmissível que nenhuma providência tenha sido tomada por parte das autoridades responsáveis.
    Ninguém é contra qualquer espécie de empreendimento, porém, os direitos de idosos, crianças, trabalhadores pessoas enfermas e de todos os cidadãos que pagam os vencimentos das autoridades e que contribuem para a manutenção da cidade devem ser minimamente respeitados.
    Qualquer carro com som com volume um pouco mais alto pode ser objeto de atuação da polícia com base em leis que tratam da postura, da ordem e da paz pública. No entanto, uma casa noturna, sem um mínimo de estrutura de tratamento acústico continua, semana após semana, mantendo o calvário dos moradores locais.
    As autoridades competentes deveriam tentar passar uma noite de sexta ou sábado hospedado em uma casa aos arredores. Precisamos de respostas. Precisamos de respeito aos nossos direitos.

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