Com relação a ação desencadeada pelo Ibama na semana passada deslocando um aparato de guerra para subir a Serra e distribuir notificações aos produtores da Coxilha Rica e até embargando duas propriedades que estavam prestes a iniciar o plantio de grãos há que questionar as motivações.
O argumento da direção do Ibama em SC é de que a Operação Campereada acontece anualmente com o objetivo de proteger e buscar o desenvolvimento sustentável dos Campos Sulinos e de Altitude da região Sul do Brasil.
A maioria dos fiscais e os 20 veículos deslocados para a missão vieram do Rio Grande do Sul. Creio que no Rio Grande do Sul esta operação nem ganha repercussão porque os campos já foram tomados pelas lavouras há muito tempo. Agora estão de olho nos nossos.
Os questionamentos dos produtores de Lages e Capão Alto já começam pela missão, uma vez que o objetivo é proteger os campos de altitude. Conforme lembrou o presidente do Sindicato Rural, Marcio Pamplona, por definição são campos acima de 1.500 metros e a Coxilha Rica está abaixo desta altitude.
Os fiscais alegaram que para transformarem os campos em lavouras é preciso a autorização do órgão de fiscalização estadual, no caso de SC do IMA- Instituto do Meio Ambiente (antiga Fatma) – mas este não exige tal autorização. Pamplona faz até um paralelo entre o que prega a Receita Federal e o Ibama, dois órgãos federais: enquanto que a Receita adverte que a propriedade improdutiva está sujeita até a desapropriação para fins de reforma agrária, o Ibama proíbe que se plante, isto é, que produza. Nem pastagem.
A argumentação da direção do Ibama é de que ” 70% dos campos de Altitude, as vastas áreas do bioma Mata Atlântica/Campos de Altitude na região da Serra Catarinenses, foram transformados em lavouras de soja e outras culturas”.
Mas, isso é uma inverdade e Pamplona aponta que não mais do que 5% da área da Coxilha foi cultivada, mesmo porque mais de 25% são áreas rochosas e há ainda as limitações impostas pela reserva legal e de preservação permanente. Ele afirma e podemos confirmar percorrendo o município que temos aqui as áreas mais preservadas do país.