Conversando com pessoas que hoje têm algum contato com o Comandante Carlos Moisés em função da transição, diz que o governador eleito é uma pessoa muito discreta e ponderada. O fato de que foi o governador eleito com o maior volume de votos em SC não fez dele uma estrela. Está bastante consciente de sua responsabilidade, mas assustado com os números.
Há quem garanta que cometeu alguns erros na campanha por conta do calor da disputa e das informações enganosas repassadas até pelos adversários. Uma delas foi da questão das ADRs.
Imaginou que só com o desmantelamento das agências poderia obter uma economia de mais de R$ 400 milhões ao ano. Conhecendo agora a estrutura, viu que o enxugamento será mínimo e não chega a 150 os comissionados que atuam no sistema. Os outros 1.361 são servidores efetivos, portanto não há como demiti-los.
Moisés está também encontrando dificuldades para preencher os cargos comissionados. Até há quem garanta que estaria aceitando currículos de interessados, pois seu partido é novo e não tem muita gente em seus quadros que preencham os quesitos exigidos. Aí também reside um dos problemas, o governante que depender apenas dos servidores efetivos para governar não sai do lugar.
Qualquer um que já atuou no poder público como gestor fala da imensa dificuldade para pôr a máquina andar com apenas efetivos.
Um ex-secretário de Obras de Lages até conta uma história: uma equipe estava há mais de 15 dias trabalhando na colocação de meio-fio em uma avenida e o trabalho não avançava. Contratou o serviço de uma empresa que disponibilizou dois funcionários para fazer o mesmo serviço no outro lado da mesma avenida.
Em uma semana deram conta do trabalho enquanto que a equipe da prefeitura permanecia quase no mesmo lugar. Quem foi gestor na administração pública cita como grande problema justamente esta efetividade que transforma o servidor em alguém que não se esforço para mostrar trabalho. E se cobrado fica pior ainda. Existe a possibilidade do processo administrativo e o afastamento, mas, mesmo isso é difícil.
Me lembrava alguém que durante a gestão de Colombo, um fiscal pego no ato em que cobrava propina de um contribuinte foi demitido após sofrer processo administrativo. Foi à justiça e alguns anos depois conseguiu ganhar a causa voltando ao cargo e a prefeitura ainda teve de pagar os salários retroativos.
Quando candidato, o prefeito Antônio Ceron se comprometeu a reduzir pela metade os comissionados, até fez um esforço, mas não conseguiu cortar como desejava.
Haviam 429 no final da gestão passada e hoje são 342, segundo o Portal Transparência. É verdade que são cargos reservados a apadrinhados, mas se é ruim com eles, pior sem eles.
O prefeito Antônio Ceron contesta este número e diz que os comissionados de seu governo são apenas 299, porque tem alguns funcionários efetivos que ocupam cargos de confiança.