Engenheiro agrônomo da Epagri contesta informações sobre a produção do queijo serrano

 

Bom dia Olivete:
 
Sem o objetivo de polemizar, mas de esclarecer, na condição de coordenador do Projeto Queijo Artesanal Serrano em SC, faço as seguintes observações sobre a matéria “Pequenos produtores estão insatisfeitos” publicado no blog e no jornal Correio Lageano no dia 22 de agosto:
 
1. O custo de implantação de queijarias é de aproximadamente R$ 30.000,00 e não R$ 50.000,00 como foi informado a você e publicado. Nesse custo já está a aquisição de equipamentos. Cabe salientar que a Epagri encaminhou dois projetos para o Programa Santa Catarina Rural, onde os produtores terão de desembolsar em torno de R$ 15.000,00 a 17.000,00 (dependendo do Projeto), sendo que o restante é contrapartida do referido Programa.
 
2. O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Artesanal Serrano, não permite o uso comum de queijarias e nem compra de leite de terceiros, justamente em função da necessidade do produtor ter que adotar boas práticas de fabricação, onde se inclui a necessidade de exames de brucelose e tuberculose. Dessa forma, somente é permitido o uso de leite ordenhado na propriedade. Todos os produtores que possuem inspeção municipal em Lages  e que irão construir queijarias foram capacitados recentemente em boas práticas agropecuárias e boas práticas de fabricação;
 
3. Quanto a informação de que “foram instaladas 10 a doze queijarias que já fecharam as portas”, é desconhecida, sendo que a Epagri mantém uma equipe de 10 técnicos que atuam no Projeto da Região da Amures, em todos os municípios, e não sabemos onde estão essas queijarias “que já fecharam as portas”.;
 
4. Também não concordamos com a informação de que “a produção se tornou inviável para o pequeno produtor”. Estudos técnicos da Epagri comprovam que um produtor com média de 5 kg diários, viabiliza a implantação de uma queijaria com o custo real de R$ 30.000,00. Essa produção representa uma renda bruta mensal de R$ 2.250,00 a 3.000,00;
 
5. Durante o 2º Simpósio Interestadual de Queijo Artesanal Serrano (fotos em anexo) não percebemos produtores indignados com qualquer fato. Ao contrário o evento teve aproximadamente 300 participantes, de 31 municípios de SC e RS, sendo considerado um sucesso absoluto e veiculado por diversos órgãos da imprensa, inclusive em nível nacional no programa Globo Rural, onde milhões de pessoas passaram a conhecer o queijo artesanal serrano.
 
Finalmente esclarecemos que a proposta de trabalho da Epagri e instituições parceiras do Projeto é legalizar a produção e comercialização do queijo artesanal serrano no maior número possível de propriedades, além de registar como patrimônio cultural do Brasil (processo já encaminhado ao Iphan) e obter uma indicação geográfica na modalidade de denominação de origem. Os produtores já estão organizados numa associação (Aproserra) e o que se percebe é uma adesão cada vez maior ao Projeto. Dificuldades certamente existem, mas a situação atual é muito mais favorável em relação a alguns anos atrás.
 
Colocamo-nos sempre a disposição para prestar esclarecimentos sobre o Projeto Queijo Artesanal Serrano e houver interesse podemos disponibilizar diversas publicações que a Epagri editou nos últimos anos.
 
Atenciosamente,
 
Eng.-agr., M.Sc., Ulisses de Arruda Córdova
Pesquisador Plantas Forrageiras – Desenvolvimento Territorial
Epagri/Estação Experimental de Lages

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