Leia o manifesto divulgado hoje:
Há mais de uma semana demos início ao nosso Movimento pela Saúde de Lages. Muito se noticiou na mídia, rumores, boatos, especulações, articulações, acusações e perseguições. Muitos têm nos tratados como arruaceiros, baderneiros, guerrilheiros, black blocks, boicotadores…
MAS O QUE FIZEMOS?
Só trocamos as fotos de nossos perfis nas redes sociais, criamos um site-blog, Facebook, Twitter e lançamos um MANIFESTO, uma Nota à Imprensa, ao Prefeito e a População, documento este que foi discutido insistentemente durante a semana nas rádios, nas redes sociais, nos blogs e jornais. E iríamos fazer uma manifestação pacífica em frente à Prefeitura de Lages, para expor nossa situação, a situação da Saúde de Lages, O QUE TEVE DE MAIS EM TUDO ISSO?
Disseram que tínhamos interesses políticos… QUAIS?
Será que somos nós que estamos realmente preocupados e somente com interesses políticos nesse momento? Percebemos isso pelo desespero das palavras, das acusações, distorções, perseguições e das mentiras declaradas à Imprensa sobre o nosso movimento.
Estamos de PRETO, pois ainda continuamos de LUTO, luto pela Saúde de Lages que está morrendo um pouquinho mais a cada dia. E estamos nos manifestando desta forma Sr.ª Secretária Cristina Subtil, pois infelizmente, quem está morrendo é a nossa população. E como a senhora disse em uma rádio local: “(…) preto se usa quando alguém morre (…)”.
Mas para surpresa de muitos, ao contrário do que foi noticiado em alguns meios, estamos trabalhando e atendendo normalmente, em momento algum deixamos nossas Unidades de Saúde ou Setores da Secretaria de Saúde sem atendimento, ou boicotamos o serviço, como se não tivéssemos compromisso com a nossa ética profissional, assim como com as pessoas que de nós dependem tanto.
Aliás, é muito por elas, pelas pessoas que precisam do serviço de saúde pública, que chegamos até aqui. É por estarmos cansados de dizer não; de sentir a aflição de não poder entregar o medicamento que o paciente tanto precisa; de não poder oferecer os serviços por falta de materiais e condições; de precisar trazer canetas de casa, porque até isso falta; de ter que viver colocando pacientes, que realmente precisam, em filas de esperas intermináveis, enquanto outros conseguem por outros meios, ou se forem conversar no gabinete da Secretária, por exemplo. Podemos encaminhar todos para lá? É esse o caminho correto?
ESTAMOS ERRADOS EM QUESTIONAR ESTE TIPO DE GESTÃO?
Estamos cansados da falta de investimento, de trabalharmos com materiais sucateados, sejam equipamentos de enfermagem, mobiliários, carros, ambulâncias, e até computadores Sr. Prefeito, afinal o computador que o senhor usa tem quantos anos? 04? Pois é essa a idade dos mais novos que temos à disposição nas Unidades de Saúde. E sabe desde quando uma enfermeira passa a reclamar de sistema de informática, ou de recursos de informática, Sr. Prefeito? A partir do momento que ela tem que usar ele TODO O DIA para inserir as informações de seus atendimentos, assim como técnicos, agentes comunitários, médicos, odontólogos e todos os demais profissionais que atendem e trabalham para o SUS, pois é através do sistema de informática que o município informa o Ministério da Saúde, obrigatóriamente, para que possamos receber em dia nossos recursos da esfera federal.
Realmente a Gestão não sabe o que fazemos e porque fazemos, talvez seja por isso que questione algumas de nossas reivindicações.
Sr. Prefeito, a partir do momento que temos problemas de falta de insumos, de condições de trabalho, de manutenção de equipamentos, de investimento, de gestão e de recursos humanos, fora outros que não abordamos ainda, quem realmente está boicotando a Saúde e a população? Nós, “os guerrilheiros” da Saúde?
A Saúde de Lages continua de LUTO, alguns materiais têm chego ao nosso Almoxarifado, mas muitos materiais necessários para que possamos atender a nossa comunidade com segurança e qualidade, ainda estão em falta. Assim como, sabemos que pela falta de gestão e planejamento, em pouco tempo, os mesmos materiais que têm chego, em breve faltarão novamente.Nós profissionais, sabemos que prestamos um concurso público e que saberíamos o valor dos nossos honorários, porém isso não significa que precisamos ficar de braços cruzados diante do menor salário da região da Amures e do Estado. Não precisamos cruzar os braços com um vale alimentação de 100,00 reais, enquanto o funcionário da Câmara de Vereadores ganha 500,00 reais. Merecemos nos alimentar menos que eles? Não podemos cruzar os braços pelo não pagamento de Insalubridade previsto na NR 15 – NORMA REGULAMENTADORA 15 (20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio) e não previsto em nosso estatuto do servidor municipal. Sobre a nossa manifestação em frente à Prefeitura de Lages, ou a não realização dela, ocorreu por acreditarmos que a nossa Secretária de Saúde, a Sra. Maria Cristina Mazzeti Subtil, iria nos receber para que pudéssemos conversar e negociar, sem enrolação. Mas isso não foi possível, pois nossa reunião foi cancelada por um motivo no mínimo tolo: Ela não queria que a comissão compartilhasse com os demais funcionários da Secretaria Municipal da Saúde, as informações da renião. Fomos enganados mais uma vez.
Perante desta atitude de total descaso, a comissão (formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, educadores físicos e outros) que estava em negociação, se sentindo traída, achou por bem, não mais negociar com nossa Secretária.
Ao contrário dos nossos gestores municipais, nós mantivemos a nossa palavra e realizamos a reunião agendada com os demais funcionários. Deste encontro, decidimos não fazer a manifestação em frente à Prefeitura de Lages, devido ao receio de que tivéssemos infiltrações que desvirtuassem nossa proposta pacífica. E assim optamos por dar continuidade a nossa caminhada. E de lá pra cá, temos nos reunidos com o SindServ (Sindicado do Servidores Municipais) e com profissionais do Direito, analisando todos os documentos e provas que temos, buscando meios legais para darmos continuidade ao que não tivemos sucesso através das negociações internas.
Voltaremos sim a negociar com a gestão municipal, mas por estarmos cansados de ser enganados, vamos nos munir de garantias legais para que prazos e acordos sejam cumpridos.
Diferente do que apareceu na imprensa, vemos a população nos mandando mensagens de apoio, concordando com as nossas reivindicações, com as nossas faixas nas Unidades de Saúde, nos incentivando diariamente a continuar, pois estes sim, os que precisam dos nossos serviços, sabem que não dissemos nada além da verdade.
Agradecemos aos veículos da imprensa que tem divulgado nossas manifestações, e pedimos desculpas por não informarmos os “líderes” do movimento, mas pedimos que entendam que não somos 5 ou 20 pessoas, e sim 30, 40, 50 vezes mais que isso. E mesmo da forma como já conduzimos estas questões, alguns foram “retaliados”, imaginem se déssemos algumas cabeças? Acreditem! Sabemos o que aconteceria, estamos vendo!
Atenciosamente,
Comissão dos Funcionários da Secretaria Municipal da Saúde de Lages.