
Não sei se inspirado no movimento O sul é Meu País ou não, o bairro Guarujá está agora lançando o projeto: o Guarujá é Meu Município.
Brincadeira à parte, temos de elogiar o trabalho realizado pelo presidente da Associação de Moradores, Luiz Borges, que entusiasmado com o potencial do bairro, sonha mais alto, quiçá administrar como prefeito desta próspera área da cidade que, uma vez emancipada, contaria, inclusive, com um grande shopping, pois acredito que o território deste município teria como limite a BR 282. O Guarujá é o segundo maior bairro de Lages, só perde para o Santa Helena.

Não sei se a comunidade do Guarujá sonha junto, mas tenho a dizer que esta proposta é quase impossível de se realizar. A menos que se consiga alterar os critérios para criação dos municípios, hoje bem mais rígidos do que das décadas de 1960/80/90, quando cerca de oito distritos de Lages se transformaram em municípios e que por sua vez geraram outros tantos.
Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul e São José do Cerrito se emanciparam em 1961 e mais de 20 anos depois foi a vez de Correia Pinto e Otacílio Costa (1982) e por último: Bocaina do Sul, Capão Alto e Painel (1994). Se Ivan Ranzolin ainda estivesse atuando como deputado, certamente seria um forte aliado para este pleito, pois teve importante participação nas emancipações ocorridas nas décadas de 1980 e 90.
De lá para cá mudaram-se os critérios. Assim como cabe à Câmara a aprovação de criação de um distrito, cabe a Assembleia a criação de um município. Mas, para isso precisa tem no mínimo cinco mil habitantes e mais de 200 moradias, além de uma série de outros critérios nos quais, creio, Guarujá se encaixaria. Menos em dois deles: ser distrito há mais de cinco anos e não provocar descontinuidade territorial.
Tem de estar a cinco quilômetros da sede do município mãe, no mínimo. A emancipação hoje não é vista como solução dos problemas de uma comunidade. Tanto que há até um movimento inverso, pela volta de anexação de pequenos municípios que mais não fazem a não ser arcar com o custo administrativo. As prefeituras e Câmaras levam a pouca receita, não sobrando para fazer qualquer melhoria.
Gera apenas mais um prefeito na porta dos governos estadual e federal com o pires na mão mendigando recursos.