Entrevista concedida pelo governador Colombo ao DC

Governador Raimundo Colombo disse que nunca ninguém o chamou de "Ovo" e  espera que tudo seja esclarecido, com relação ao envolvimento de seu nome na Operação Xepa.

 

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O Álibi de Colombo

(publicado no DC de 20/12/2016)

Por mais que não esteja claro o alcance da investigação autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em relação ao governador Raimundo Colombo (PSD) no âmbito da Operação Lava-Jato, certo é que em algum momento o catarinense teria que se confrontar – e ser confrontado – com a presença de seu nome nas planilhas de repasses de recursos para políticos no apartamento de um executivo da Odebrecht em fevereiro deste ano. Um ¿decifra-me ou devoro-te¿ do velho enigma da esfinge adaptado nestes tempos modernos a um singelo ¿explique-se ou veja prejudicada sua carreira política¿.

Não é pouco dinheiro: as três citações a Colombo na lista somam supostos repasses de R$ 4,8 milhões. Não há doações da Odebrecht nas prestações de contas das campanhas vitoriosas para o governo estadual em 2010 ou 2014. Se veio dinheiro e era oficial, seria via DEM (em 2010) ou PSD nacionais – também sem registros. O principal interesse da empreiteira em Santa Catarina era público e notório: a compra da Casan, através da Odebrecht Ambiental.

Em 2011,  seu primeiro ano de governo, Colombo diagnosticou que a estatal catarinense de água e esgoto precisava de uma sócio estratégico, com experiência na área e capital para investir. A solução encontrada na época foi a venda de 49% das ações da Casan. Não foi fácil: era preciso aprovar na Assembleia Legislativa uma mudança na Constituição, que proibia venda de ações da estatal e da Celesc, e também a própria autorização para a transação em projeto de lei específico. Nas galerias da Assembleia todos diziam que a interessada nas ações era a Odebrecht. 

A dupla aprovação dos projetos, em setembro de 2011, foi um dos primeiros teste da base parlamentar do governador. Para surpresa de todos os que acompanharam, nenhuma ação da Casan foi vendida até agora. Um ano depois, o discurso era de que avaliação de mercado havia resultado em um valor muito baixo, que não compensava a operação, e que a conquista de financiamentos internacionais para obras de saneamento havia suprido a necessidade do tal sócio estratégico.

Tivesse vendido parte da Casan para a Odebrecht, Colombo teria que conviver com a suspeita de ter pago uma promessa da campanha. A manutenção da empresa integralmente no guarda-chuva estatal cinco anos após a autorização para a venda hoje é o principal álibi do governador. Mas ainda é preciso entender o que significam os R$ 4,8 milhões nas planilhas. Essa resposta certamente virá em 2017, com reflexos em 2018.

Upiara Boschi

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