Sra. Olivete,
Ainda sobre o assunto da importação de médicos e os projetos mirabolantes do governo, acredito que o esclarecimento da população sobre fatos concretos com dados não manipulados pelo setor de Propaganda Petista, serão salutares para o melhor entendimento do que está ocorrendo e as conseqüências que virão com a falsa sensação que os problemas estarão resolvidos com as medidas anunciadas.
Acadêmicos de medicina do sexto ano do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (boa universidade com curso de medicina mediano) obtiveram nas duas últimas edições do exame REVALIDA aprovação de setenta por cento de seus alunos, enquanto médicos estrangeiros em geral, não considerando os cubanos que têm um desempenho ainda mais medíocre, tiveram aprovação de dez por cento em média, com 9,6% e 8,71%, respectivamente.
O Estado do Tocantins foi o pioneiro na busca de médicos Cubanos, sendo que no período de 1997 até 2005 o Estado importou médicos daquele país. O resultado pode ser conferido em despachos judiciais como o proferido pelo Juiz Federal Nassib Mamud com a seguinte sentença: “ O Estado de Tocantins ao contratar os médicos cubanos assumiu uma atitude irresponsável e expôs os cidadãos tocantinenses como cobaias (…) sendo fato incontroverso que o erro médico decorreu de atendimento por médico não habilitado no Brasil, sem CRM e imperito (…) com permissão e acobertamento do Governo estadual, que, assim fazendo, assumiu o risco pela imperícia, inaptidão ou mesmo descuidos, resultando em inarredável culpa estatal (…).
De acordo com o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, Dr. Marcus Vinícius Furtado, “a legislação brasileira deve ser cumprida no sentido de exigir a revalidação do médico estrangeiro como critério básico para o exercício da profissão e também com o intuito de preservar a qualidade da assistência prestada à população”.
A participação do setor saúde e educação no orçamento geral da união, nos anos de 2011 e 2012, em patamares de 3,98% e 3,18%, respectivamente, mostram o descaso com os setores que estão em voga no momento. Tabela de procedimentos do SUS sem atualização e revisão de valores considerando perdas e inflação há quinze anos, preços de consultas com especialistas por R$ 15,00 reais…
Portanto, o nosso grito de revolta encontra ecos em setores distintos e sem a influência petista na sociedade civil organizada. Queremos que o governo respeite os critérios para ingresso de médicos estrangeiros. Respeite o ensino da medicina. Não se faz um médico com tablet e apostila. Não existem professores médicos em quantidade disponível para ensinar com qualidade o número exagerado de vagas que o governo quer criar. Teremos uma geração de médicos com ensino medíocre, colocando em risco a vida da população. Almejamos uma carreira médica digna, com todos os direitos e deveres que um profissional com o tempo de ensino como o médico merece. Não defendemos reserva de mercado. Defendemos qualificação, respeito as normas estabelecidas, investimentos em educação médica, equipamentos e materiais adequados nos postos de saúde.
Senhora Olivete, se pudesse ser lido pela Excelentíssima Sra. Presidente Dilma, solicitaria respeito aos profissionais que trabalham com a saúde através do pagamento de salários dignos a todos, investimentos concretos e não apenas fictícios, mirabolantes e ilusionistas na saúde com a construção de centros de excelência hospitalar federal nas diversas unidades da federação, transferência de recursos de acordo com a Constituição Brasileira e não aqueles que alguém no ministério da fazenda acha que será suficiente, postos de saúde equipados e adequados, rede assistencial que possibilite um diagnóstico e tratamento em tempo hábil, respeito aos acadêmicos de medicina que já fazem trabalho escravo no sexto ano do curso em unidades de saúde sem estrutura de ensino, respeito a uma profissão que necessita de dedicação exclusiva e seriedade na condução de seu processo educacional, redução da roubalheira, redução dos gastos em propaganda do governo, investimento concreto no saneamento básico, e principalmente respeito à constituição e leis já existente e que parem de fazer leis de acordo com a filosofia política de um grupo de reacionários sem compromisso com a democracia. Ajude o Brasil, respeite a saúde e nos dê condições de trabalho adequado e verás que os filhos da nossa terra e de nossas universidades não fugirão a luta, mostraremos que a medicina e feita por médicos e não políticos. Obrigado.
Paulo Cesar da Costa Duarte
Diretor Clínico do HNSP