Cansado de pagar propina para os fiscais, um caminhoneiro que transporta frutas do RS, chamado Gelson, resolveu levar o caso até o Ministério Público. Das vezes anteriores ele teve de pagar R$ 300,00 ou R$ 200,00, mas neste último domingo o valor chegou a R$ 1.350,00. Ficou retido na barreira de vigilância da Cidasc, próximo a Capão Alto por cinco horas já que não tinha o dinheiro consigo.
A entrega aconteceu dentro de um banheiro para que ninguém testemunhasse. Isso porque Gelson estava transportando uma carga de bergamota com folhas, o que seria proibida. Gelson diz que sabia que era proibindo, mas o produtor não teve tempo de tirá-las.
O assunto foi levado pelo repórter Daniel Goulart à direção da Cidasc. Relata que houve problemas na carga, tanto que o próprio caminhoneiro tem fotos mostrando isso, mas a nota apresentada pelo caminhoneiro está com carimbo da liberação.
Se estivesse irregular, deveria ser retida. Por que não foi feito isso?
A direção sequer ouviu Gelson e nem colheu informações a respeito, depositando total confiança nas informações do funcionário. Contudo, Gelson (que evito aqui a divulgação do sobrenome) documentou tudo com gravações e fotos, com exceção apenas da conversa no interior do banheiro quando foi entregue o dinheiro porque o fiscal manteve o tempo todo a descarga funcionando para provocar ruídos, caso alguém gravasse.
O fato da direção da Cidasc receber esta denúncia de forma tão despreocupada o torna conivente com esta extorsão que está sendo praticada pelos fiscais. Este não é apenas um caso, são inúmeros os caminhoneiros que relatam esta situação, revoltados.
Nós nos revoltamos tanto quando acompanhamos os casos de corrupção levantados pela Operação Lava-Jato, mas fazemos vistas grossas ao que acontece bem aqui no nosso nariz e que, guardadas as devidas proporções, é de igual gravidade. Se quisermos mudar o Brasil, temos de começar por aqui.