A culpa é da burocracia

 

 

Desabafo ou justificativa?

 

Soa como um desabafo, mas creio que seja mais uma justificativa do governador Raimundo Colombo o seu repetido discurso transferindo a responsabilidade pelo atraso das ações do governo à burocracia.

Em todos os seus últimos discursos aqui na Serra, como essa semana, na abertura do Congresso Catarinense de Municípios organizado pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam), realizado em Florianópolis, tem repetido o mesmo refrão.

Fez um apelo à união, prefeituras, governos, poderes e entidades de classe para combater o excesso de burocracia existente no Brasil. A despeito dos 10 bilhões conseguidos, segundo ele, gastou até agora apenas R$ 800 milhões e mesmo assim as obras emperram.

A demora no processo de recuperação das estradas faz com que determine medidas de emergência, optando pelos serviços de manutenção até que a obra principal não inicie. Como é o caso da revitalização da BR 114 entre Lages e Otacílio Costa e da estrada que liga São José do Cerrito a Curitibanos (SC 120), para citar algumas. 

 

Recursos demoram

Os R$ 580 milhões previstos para serem distribuídos através do Fundam aos 295 municípios de SC vão saindo pingadamente. Na terça-feira foram repassados R$ 6,9 milhões a seis municípios.

Nem 20% dos municípios receberam ainda e temos praticamente 10 meses até o final do mandato. Para quem passou mais da metade do mandato atrás dos recursos e o restante tentando gastá-lo, parece mesmo frustrante o resultado obtido até agora. E o governador só encontrou uma justificativa para isso: a burocracia. “É nossa pior inimiga. Nos afasta e atrasa nossas ações”, disse Colombo.

Disse bem o governador ao destacar que “o povo está com a paciência esgotada para justificativas sobre a burocracia que atrasa obras, diante de discussões na Justiça entre as empresas envolvidas.

 

Por que a lei das licitações não é revista?

 

É preciso rever e melhorar a lógica das licitações”. Essa constatação não é de hoje, contudo, não vi ainda nenhuma iniciativa, nenhum lobby junto ao governo e o congresso para que ocorram essas mudanças.

Pelo que vejo, especialmente no caso das licitações se faz a mesma avaliação do sistema democrático: é falho e facilmente pode descambar para a corrupção, mas não descobriu-se ainda um sistema mais eficiente. O mesmo pode se dizer das licitações: é cheio de falhas, atrasa obras, propicia as negociatas espúrias, resulta em obras mal feitas e caras (com os aditivos) mas, ruim com elas, pior sem elas. 

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