Salvar a história dos ancestrais usando-a como norte dos descendentes
Naturalmente o Colégio Aristiliano Ramos nem chega a ter um estilo; não é arte decô e muito menos arte nouveaux Mas o Colégio Aristiliano Ramos é uma joia da arquitetura, é belo em sua forma simples e eclética. Ele tem certo charme que poderá ser mantido ao ser restaurado para que continue registrando um passado de glórias do povo lageano, do povo serrano. Ali já existiu uma intendência e prisão, um teatro que muita cultura nos legou. Desde parte do Século passado até nossos dias foi escola onde passaram professores ilustres, alunos dedicados, promissores, cidadãos que orgulham seus ascendentes. Será estranho substituir uma casa onde sempre desfilou, e desfilará, parte da história de nosso povo heroico por um largo, se não vazio, que deverá abrigar pessoas deslocadas de seus ambientes naturais ou, pior, com muitas barracas dos sacoleiros que tanto infernizam o comércio legalizado, o fisco e os pedestres.
A praça que ali será revitalizada, o colégio que ali será restaurado continuarão integrados, compondo o conjunto arquitetônico/urbanístico que sempre nos orgulhou. Ela, com seus jardins, bancos, fontes, espaços amplos para reunir o povo em seu lazer habitual; onde um dia foi concentração das escolas na Semana da Pátria, desfile da garotada sob o som da VOZ DA CIDADE; continuará sua trajetória através dos shows culturais, das apresentações do RECANTO DO PINHÃO. Ele, onde um dia foi tudo aquilo que hoje é rememorado; continuará sua trajetória através de novos espaços interiores, abertos no térreo através do rasgo até ao chão de suas janelas, ligados no segundo piso às árvores que estarão acariciando suas fachadas.
No térreo, espaços amplos para o acompanhamento dos shows, espaço para o palco do pinhão, a tribuna do comunicador. Mais: conjunto de algumas estátuas para ali removidas, área para lazer, para o cafezinho e para jogar conversa fora no lero-lero tão caraterístico do nosso povo e também espaço para jogos de mesa. La em cima, salão de reuniões, de aulas e artesanatos, de leitura e, inovando, espaço para a instalação de museu do TOMBO, local onde serão arquivados microfilmes de todas as edificações importantes e que não possam ser preservadas em seus locais atuais. Continuarão onde estão, monumentos, estátuas e aquelas edificações que formam verdadeiros conjuntos arquitetônicos e urbanísticos, sejam do passado ou do presente que um dia também serão passados.
O passado e o futuro ali se encontrarão, como há muito já acontece nos povos civilizados da Europa, de Paris, onde o clássico das fachadas e paisagismo convivem plenamente com os moderníssimos interiores funcionais; tudo numa beleza plástica, numa utilização funcional, onde a técnica e os recursos financeiros também de harmonizam para gaudio dos povos cultos.
Nada há que temer do resultado que ocorrerá porque nossos arquitetos e urbanistas são dos bons. Desde os primórdios que eles veem criando obras utilíssimas, cada vez mais bonitas, cada vez mais funcionais e técnicas.
Como sonhamos com um Brasil melhor e moderno, onde a corrupção não nos dominará, também podemos sonhar com um Brasil onde nossa história não será apagada. Vamos engrossar o pessoal que o Promotor Renée Cardoso Braga capitaneia, pois já sabemos que o MP continuará trabalhando com todos aqueles que desejam uma Pátria Educadora, não essa que aí está e que é deseducadora.
É isso aí, lageanada que têm uma história bela para registrar sempre, e para sempre.
Galeno Rogério Ramos Vieira
decano dos arquitetos lageanos