Sonho da Sinotruk mais uma vez adiado

 

Montadoras de caminhões abandonam ou adiam R$ 1,7 bi em projetos de investimento

Efeito não se resume ao mercado de trabalho. Caminhões representam parcela importante dos bens de capital

POR ANA PAULA MACHADO, do Portal G1

 

 

SÃO PAULO – Diante da queda nas vendas e do cenário de retração da economia este ano, montadoras chinesas começam a abandonar projetos de investimento no país no mercado de caminhões. Os projetos cancelados ou adiados no país somam ao menos R$ 1,74 bilhão. A Dongfeng, que pretendia se instalar em Pouso Alegre, Minas Gerais, com recursos de cerca de R$ 1 bilhão, anunciou que não virá mais. A Yunlihong, que previa uma fábrica no município de Camaquão, no Rio Grande do Sul, com aporte de US$ 100 milhões, também desistiu.

Outras montadoras que já estão presentes no Brasil por meio da importação de veículos ou de caminhões adiaram projetos no país. É o caso da chinesa JAC, que planejava fabricar caminhões urbanos em complemento à produção de automóveis, e adiou planos de investir R$ 100 milhões na Bahia. Não há previsão de retorno. Outra chinesa com projeto engavetado é a Sinotruk. A fabricante anunciou investimentos de R$ 300 milhões na cidade de Lages, em Santa Catarina. Sem início, o cronograma das obras acumula um ano de atraso. O projeto previa a montagem de caminhões para o fim de 2014. Somente com os projetos abandonados ou atrasados, o país deixou de criar cerca de 4 mil postos de trabalho.

 

O efeito do cancelamento ou postergação desses projetos não se resume ao mercado de trabalho. Caminhões representam uma parcela importante dos bens de capital (máquinas e equipamentos, que são um indicador de investimento das empresas no país). No primeiro semestre, a produção de bens de capital acumula queda de 20%, segundo dados do IBGE. O principal impacto negativo no resultado da indústria de janeiro a junho foi a queda de 20,7% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias.

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