O preço de um ato solidário
Fiquei profundamente sensibilizada com apelo feito pela também jornalista Ângela Andrade Borba, filha de Aderbal de Andrade, sobre seus pais em vista da grave situação em que se defrontam hoje.
Eu conheci Aderbal no tempo em que militava politicamente e vejo com tristeza que aqueles seus amigos de partidos que estiveram lado a lado com ele – muitos dos quais Aderbal também ajudou – desapareceram todos. Há vários anos está em uma cadeira de rodas e tem dificuldades até para falar.
Sua esposa Salete dedica-se 24 horas a cuidar do marido, e agora estão sujeitos a ficarem na rua. Já doente, certa vez, uma senhora conseguiu dele a assinatura como avalista do aluguel de um apartamento.
Nunca pagou o aluguel até que foi despejada. Essa dívida foi cobrada na justiça e agora, já em última instância, o casal está para perder o seu único bem: o apartamento onde moram.
Nunca como nesse caso, vale a máxima de que a justiça é cega. Ao invés de executar aquela senhora que tomou sua assinatura como avalista, em declarada má fé, tendo em vista as condições em que Aderbal já se encontrava; está jogando na rua uma pessoa doente e sua cuidadora, por ter a audácia de praticar um ato de solidariedade.
Já é difícil imaginar aquele homem forte, disposto, alegre e combatível, com um coração enorme, que carinhosamente era chamado de “Bagual de Bocaina”, estar hoje imobilizado em uma cadeira. Tenho certeza que se tivesse condições de defesa, muitas e boas ele diria àqueles que estão agora lhe usurpando sua casa.
E também tenho certeza de que seu partido, o PP, não o teria lhe abandonado, porque, muitos anos de sua vida e sua disposição e recursos serviram ao partido, onde hoje não tem sequer um amigo para lhe dar a mão.