Desabafo de uma filha

 

 

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Injustiça dos homens

Meus pais prestes a perder sua casa

Sempre ouvi a frase “da justiça divina ninguém escapa”… Mas será que só dessa vez, a justiça dos homens pode funcionar?
Meu pai, Aderbal Antonio Andrade, foi durante mais de 20 anos vereador de Lages. Naquela época era por “amor à camisa” mesmo, sem salário. Ele trabalhava para ajudar os outros e não recebia nada em troca, a não ser a gratidão daqueles que recebiam seu auxílio.
Quantas vezes vi meu irmão mais novo chegar em casa sem blusa ou jaqueta, porque meu pai tinha dado a outra criança menos favorecida. Quantas vezes quis sair com meu pai pelo calçadão e não consegui dar três passos sem que ele fosse parado por alguém que precisava pedir alguma coisa… Ele se desfez de todos os seus bens e recursos financeiros para ajudar a terceiros (quem o conheceu sabe que é verdade).
Tenho essas lembranças do meu pai, mas o que mais me marca é o fato de eu ter sido mais mãe que filha…
Meu pai começou a apresentar sinais de que estava doente quando eu tinha nove anos e, posteriormente, teve o primeiro AVC. Ele saiu do hospital, depois de um longo tempo, e recebeu uma visita. A mulher, conhecida pela família há anos, sem que minha mãe soubesse, pegou sua assinatura do meu pai como avalista de um imóvel alugado pela filha dela, recém-casada. É importante frisar que ele apresentava sequelas e não sabia o que estava fazendo.
Anos mais tarde, nossa família recebeu intimação judicial, pois meu pai estava sendo executado pela dívida do aluguel que não havia sido pago. Resumindo, mesmo com a mulher assumindo, por escrito, que pegou assinatura do meu pai quando ele estava acamado e tinha acabado de sair do hospital, mesmo com o laudo médico, anterior à assinatura do contrato, que declara que o Sr. Aderbal não podia mais responder pelos seus atos, mesmo assim, ele perdeu a ação.
No último dia 8 de maio, o apartamento deles (o único bem de família) foi a leilão… E no próximo dia 22 acontece a 2ª praça, onde, com certeza, alguém irá arrematar o imóvel por um preço muito abaixo do mercado.
Minha mãe abdicou de sua profissão, de sua vida social e cuidou com todo amor do mundo do seu esposo e por isso ele está até hoje conosco. Meu pai, com 74 anos, usando fraldas e cadeira de roda… Eles terão que deixar o lugar onde viveram por mais de 30 anos… Onde eles irão morar??? Isso é justo??? Esta é a justiça dos homens???
O devedor quer fazer acordo, quer dar um imóvel que vale mais que a dívida, mas isso não foi aceito e o apartamento vai novamente a leilão.
Nossa família tem tentado de todas as formas resolver essa questão, mas parece que os envolvidos não fazem questão alguma de fazê-lo. Não se importam de colocar na rua um homem que há mais de 20 anos vive uma vida paralela à realidade, sem saber o que está acontecendo ao seu redor.
Esse é um desabafo de uma filha que mesmo sabendo que tudo conspira contra, ainda espera por um milagre…

Angela Cristina Reche Andrade Borba

 

 

Será que não haverá

 

ninguém que a ouça?

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